n14 - tardo mas não falho

o que é falhar também? vamos acabar com esses fracassos imaginados

Tentei usar o Notes para notificar minha notória ausência (tentei fazer uma aliteração aí e não deu certo) mas parece que não funcionou muito bem - é um recurso que pouca gente usa, e com razão, porque antes do tal Threads (ou Tuinsta) aparecer, lá estava o Substack tentando substituir o Twitter.

de alguma forma, olhando agora, penso que essa escolha - ao invés de fazer um post, um texto, uma mensagem curta que chegasse no seu e-mail, você assinante dessa humilde newsletter - mandei por vias escusas que chegaram a poucos ouvidos, ou mãos, ou olhos. ou alcance. olhando agora, penso que essa escolha era também uma forma de disfarçar o tamanho do hiato que eu pressentia que teria, e o novo lugar que a news ocuparia na minha vida.

a news veio do desejo genuíno de encontrar uma mídia de criação independente enquanto não encontrava caminhos artísticos em outros espaços. quando pude adentrar em um deles eu falei: “não estamos mais no desemprego desilusão Kansas, Totó”. infelizmente não tenho um Totó real, então figurativamente falando eu era eu mesma e também Totó, olhando para a Terra dos Munchkins. 

“Totó o bagulho tá doido nem sei onde tamo na moral”

Ainda não cheguei na Cidade Esmeralda - não sei bem qual o Mágico que quero encontrar lá. Mas com certeza não estou mais com os Munchkins: estou em outro lugar mágico e bizarro, o Theatro Municipal de São Paulo. 

pra quem não via formas de trabalhar com o teatro sem atuar; para quem quer(ia) dirigir e não sabia por onde começar; para quem tinha medo da câmera; me vi despida (ui) de minhas formas e um mundo de possibilidades. estou trabalhando com ópera e dramaturgismo, dois conceitos novos no meu vocabulário. Rapidamente: dramaturgismo é o olhar crítico de uma montagem, peça, ópera, o que for; é a pessoa que faz a ponte entre a produção e o público; é a pitaqueira oficial. Envolve muita pesquisa, que eu amo, e muitos desafios, como revisar uma tradução e fazer uma legenda inteligível que não cause estranhamento de uma ópera em italiano, que se passa nos EUA, sem falar o idioma. No caso, o italiano, no português me garanto.

a ópera é um milhão de coisas: não sei se você já assistiu uma, e eu não tenho nenhum viés obviamente, mas digo que você deveria. A essência da ópera é o maravilhamento: é impossível sair intocado de uma produção, especialmente das boas. Se você gosta de musicais, faça um favor e vá conhecer sua vó! A ópera é a origem do teatro musical e elas podem conviver muito bem, obrigada, mas é preciso se dar uma chance de conhecê-la. Tem de tudo, morte, tiroteio, festa, alegria, morte, beleza, paixão, amor, morte, muita gente morre em várias óperas, mas como meu conhecimento ainda não é extensivo sobre o tema, não confie. Vá assistir.

Eu e meus colegas fizemos um vídeo sobre a ópera do momento no Theatro, La Fanciulla del West, com o chapéu da Barbie, que sim é meu. (da namorada mas o que é dela é nosso). 

Assiste aqui pra dar engajamento

Se isso não te convence a ver uma ópera eu realmente aceito ideias.

Claramente a Barbie (dia 21 nos cinemas) roubou meu look:

Esquerda: Luísa Tarzia num ponto de ônibus no carnaval | Direita: Margot Robbie como Barbie

Minha vida nesses últimos tempos de sumiço da escrita tem sido essa: vídeo, produzir podcast (me nota Chico Felitti!!!), assistir gravações de espetáculos, ler muitos artigos, assistir vários ensaios e me deixar apaixonar. Estou me permitindo seguir na estrada de tijolos amarelos. Ou vermelhos, como o carpete do Theatro.

[Eu também saí de casa, me mudei, casei (na prática) mas eu não tenho tempo de fazer nem 1 texto a cada 15 dias, vou fazer um tópico por vez para render, essa é a verdade.]

Nesse meio tempo virei uma escritora publicada que recebe pelo seu trabalho! Recebi o generoso Pix de R$ 1,82 por 1 poema publicado aqui. Você ainda pode comprar, não sei se ainda ganho algo com isso, mas vale tentar. Na verdade, se você comprar Amor e outras drogas lícitas você contribui com certeza para meu próximo pagamento. É uma sensação estranha, mas boa, ganhar por escrever, mesmo que eu não possa comprar nem um chiclete Big Big com isso.

Também bati o marco de 100 assinantes da news! Eu ia fazer uma edição especial só para isso, e2 - números com amor, mas deixo meu amor todinho aqui e as boas vindas para quem chegou e encontrou um pouco de silêncio. Também faz parte. Obrigada por virem!

Uma coleção de sucessos para equilibrar com o fracasso de não manter periodicamente a nossa conversa por aqui. Saudades de várias muitas trocas que esse espaço já me proporcionou e, espero, continuará a proporcionar. Não sei com qual frequência, mas guiada pelo desejo hoje escrevi e, por enquanto, basta.

Antes tarde que mais tarde.

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De verdade todo mundo (umas 4 pessoas!!!) que veio falar comigo que tava sentindo falta da news me deixou muuuuito feliz. Uma das pessoas foi o Substack que mandou um e-mail dizendo que fazia tempo que eu não postava (no shit Sherlock) me deixou triste, pareceu cobrança. Mas gente de verdade com saudade do meu texto me deu vontade de escrever. incentivo real é tudo.

Sem poema hoje mas 

obrigada
obrigada
obrigada!
sem gratidão porque me cansa essa vibe gratiluz
sou da luz porque brilho para iluminar
não para lhe oferecer
se aprochegue quem quiser se esquentar 
ou alumiar as palavras em mãos 
e os caminhos a seguir.
obrigada por seguir.

opa e virou um poema kkkk brega mas tá valendo. então sem poema velho, só esse novo que fiz agora proceis. hoje o dia tá realmente especial.